Por: Ana Sousa Veras.

A angústia dos personagens em Submissão reside na busca desesperada por aceitação e reconhecimento, mesmo que isso signifique renunciar a sua dignidade. Essa busca pode ser interpretada como uma metáfora para a busca incessante por relevância num mercado de trabalho que parece não precisar mais de certas habilidades humanas. O filme, ao expor a fragilidade da identidade atrelada ao desempenho e à aprovação alheia, nos leva a questionar: se o nosso valor não está mais no que fazemos, onde ele reside?

A ascensão das IAs generativas, que são capazes de criar textos, imagens e músicas com uma qualidade impressionante, intensifica ainda mais essa questão. Profissões que antes eram consideradas “imunes” à automação, como as da área criativa, agora se veem ameaçadas. Isso provoca uma onda de questionamentos sobre o futuro do trabalho e sobre o que significa ser “humano” num mundo onde máquinas podem replicar e até superar as nossas capacidades em diversas áreas.

Diante desse cenário, o filme Submissão nos convida a uma reflexão urgente: a necessidade da (re)significação do trabalho para os humanos. Não se trata de negar o avanço tecnológico, mas sim de repensar a nossa relação com o trabalho. Talvez a solução não esteja em tentar competir com as máquinas nas suas próprias regras, mas sim em valorizar aquilo que nos torna intrinsecamente humanos: a criatividade, a empatia, a intuição, a capacidade de construir relacionamentos e de encontrar sentido em atividades que não podem ser replicadas por algoritmos.

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Permita-se mergulhar nas camadas de desconforto que o filme oferece e participe ativamente das reflexões que ele provoca. Mais do que nunca, é fundamental que iniciemos um diálogo profundo sobre a redefinição do valor do trabalho humano e sobre como podemos construir um futuro onde a tecnologia seja uma ferramenta para o florescimento, e não para a substituição, da essência humana. A angústia e o medo são válidos, mas é através da reflexão e da ação que podemos moldar um futuro mais promissor.